quinta-feira, 8 de agosto de 2019

JESUS, OS DISCÍPULOS E O DISCIPULADO (2)

 

A BÍBLIA E O DISCIPULADO


Antigo Testamento

Vejamos o que encontramos no livro de Êxodo 18.17-27:
Encontramos aqui alguns aspectos do discipulado. O texto não fala do desenvolvimento de um método de discipulado, mas apresenta alguns aspectos de relacionamento e vivência presentes no discipulado. Moisés escolhe líderes passa a conviver com eles, instruí-os, orienta-os, supervisiona-os, delega-lhes certas atribuições e dá poderes.

Em Salmo 78.1-8, temos a grande preocupação educativa em relação às gerações mais antigas para com as novas gerações. O texto reflete a mesma preocupação de Deuteronômio 6: a responsabilidade da família (pais) na passagem dos valores, dos atos históricos expressos por Deus junto da história à Comunidade da Fé, nas celebrações dos atos e momentos marcantes e significativos na história do povo de Israel.

No contexto do Antigo Testamento o discipulado é visto não apenas como transmissão de conhecimento, valores, aspectos culturais e religiosos, mas acima de tudo, como a transmissão da vivência.

(Cartilha do discipulado – Colégio Episcopal – Igreja Metodista)


2) Novo Testamento 

“Fazer discípulo” foi o princípio básico usado por Jesus em seu ministério. Após retirar-se e orar, chamou os discípulos para a obra. No decorrer do seu ministério conviveu com eles, educou-os, compartilhou, deu-lhes atribuições e responsabilidades, delegou-lhes atribuições, supervisionou-os e lhes deu autoridade de “fazerem discípulos”, continuando assim a sua obra.
Jesus escolheu homens comuns, imperfeitos, carentes, temperamentais,[...]

Eram homens e mulheres que reconheciam suas realidades e carências, mas que estavam prontos a confessá-las e a confiar na Graça de Deus para sustentá-los. Muitos foram seus discípulos, todavia 12 foram destacados para convivência e um trabalho especial. [...] foi “um pequeno grupo”, ... suficiente para permiti-lhe conviver o máximo possível com eles, instruí-los, acompanhá-los, ajudá-los, dar-lhes atribuições e supervisioná-los.

Em Mateus 28.18-20, texto citado também por Marcos e Lucas, Jesus enviou os discípulos para o cumprimento da Missão, diz-lhes: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os, em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.

Jesus é bem objetivo aqui. Ele comissionou os discípulos para a Missão. O princípio básico para o seu desenvolvimento é IR e FAZER DISCÍPULOS. O IR ou INDO, como alguns afirmam é um imperativo do Senhor. Isto significa testemunho, ação, serviço, envolvimento na obra do Senhor, vida cristã. Somos discípulos que temos o objetivo de fazer novos discípulos, despertando-os para Cristo, ensinando-os, educando-os, convivendo com eles, amando-os e suprindo suas necessidades, acompanhando-os, servindo, testemunhando e vivendo, capacitando-os para a obra, dando-lhes atribuições, delegando responsabilidade, envolvendo-os no ministério e supervisionando-os. O relacionamento entre Jesus e os seus discípulos é fundamentado na amizade. Uma relação entre amigos, vivendo a intimidade... (Jo 15.13-15)

Vemos biblicamente que o chamado ao discipulado é mais que um vínculo entre o mestre e o discípulo. Acima de tudo é um convite a uma relação que envolve entrega e renúncia, disposição e disciplina em aprender e compromisso em ensinar.

(Cartilha do discipulado – Colégio Episcopal – Igreja Metodista)

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Obs.:Discípulo 
(grego)mathētḗs (da matemática –o" esforço mental necessário para pensar alguma coisa através de") - propriamente, um aprendiz ; um discípulo , um seguidor de Cristo que aprende as doutrinas da Escritura e o estilo de vida de que necessitam; 

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 -DISCIPULADO EM PAULO

Lendo Atos dos Apóstolos e as cartas paulinas, vemos claramente a continuidade do princípio do discipulado. Paulo também foi discipulado. Após a sua conversão ele foi educado e preparado para a obra. Paulo aplicou o princípio do discipulado. Ele fez discípulos, conviveu com eles, instruiu-os, capacitou-os, deu-lhes responsabilidades, delegou-lhes atribuições, supervisionou lhes. Exemplos claros que temos no seu ministério: Timóteo, Tito, Onésimo e tantos outros.

TIMÓTEO – Atos 16.1 – um discípulo da cidade de Listra (Atos 14), filho de judia crente e de pai grego. Os irmãos davam bom testemunho dele.

Escreveu junto com Paulo as cartas:
2 Coríntios (2 Co 1.1); Filipenses (Fp 1.1); Colossenses (Co 1.1); Tessalonicenses (1 Ts 1.1; 2 Ts 1.1); Filemom (Fm 1.1)

Paulo enviava Timóteo as igrejas para fortalece-las na fé e para ter notícias
-para as igrejas da Macedônia (Atos 19.22) veja 1 Co 14.7/ 1 Co 16.10-11
-Queria envia-lo para a igreja de Filipos   Fp 2.19,
-Enviado a Tessalônica – 1 Ts 3
Hb 13.23 – Timóteo esteve preso.

Carta de Paulo a Timóteo
1 Tm 1.2 –  Paulo o considera filho na fé
1 Tm 1.18 – profecias acerca de Timóteo
Torna-te padrão – 1 Tm. 4.12  Timóteo é instruído a ser padrão/modelo a ser seguido


 TITO – grego, companheiro de Paulo desde o início.  Gl 2.1-3
-Enviado para a igreja de Corinto -  2 Co 8.16-24
Carta para Tito – Tt 1.4
Torna-te padrão – Tt 2.7


O OBJETIVO DO DISCIPULADO PARA PAULO

2 Timóteo 2.1-2: aqui temos bem claro o princípio do discipulado desenvolvido em Paulo. “O que de minha parte ouviste... transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. É um processo contínuo que não para: o discípulo faz discípulo. Paulo faz de Timóteo o seu discípulo e Timóteo por sua parte deverá desenvolver o discipulado junto a outras pessoas, que por sua vez desenvolverão o discipulado junto a outras pessoas e assim sucessivamente.

2 Tm 3.10,11,14 : o discípulo recebe ensino, convive com o mestre e outros discípulos, vive momentos comuns, permanecendo naquilo que  recebe.

1 Tes 1.6-9: recebe a Palavra, sendo imitador, tornando-se modelo, testemunhando por  toda a parte.

1 Tes 2.13-16: acolhe a Palavra que pelo poder de Deus opera eficazmente neles, levando-os a testemunharem e viverem a fé.



APERFEIÇOAMENTO – CRESCIMENTO – OBRA COMPLETADA

-Nascemos e somos como crianças.

2 Pedro 2.2 – desejar o leite espiritual, como recém-nascidos
Hebreus 5.11-14 – quem se alimenta de leite é inexperiente na palavra, os adultos são os que adquirem experiência por conta da prática, e necessitam de alimento sólido – ensinos mais profundos (mais difíceis de explicar)
1 Corintios 3.1-4 – crianças em Cristo (carnais) que ainda não podem receber alimento sólido
Ef 4.14 – meninos (crianças) são levadas por qualquer novidade
2 Pedro 3.18/ 1 Ts 3.12 - crescei

-Nascemos e somos como crianças. Mas temos que crescer. O que traz crescimento? Experiência. O que produz experiência? Rm 5.3-4  - tribulação (adversidade/ pressão/aflição)
Temos que ser pacientes na tribulação (Rm 12.12)




CARTA PASTORAL “TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS E DISCÍPULAS

Testemunhar a Graça. O que é Testemunhar?

1 - A importância do Testemunho. Nós precisamos testemunhar sempre que tivermos oportunidade, porque há muitas pessoas carentes de Jesus. Pessoas para quem a graça e o amor de Deus são desconhecidos. Em função disso, nosso testemunho é vital, pois é o meio que Deus usa para alcançar outras pessoas com o Evangelho. No testemunho, está incluído não apenas o que podemos dizer acerca de Jesus, mas também o nosso modo de viver e agir:quem se encontra com Jesus sente-se amado. Quem se encontra com Jesus passa a amar seu próximo e a ele dar seu testemunho da graça salvadora e justificadora. A partir do momento em que recebemos a Cristo como Salvador, está sobre nós uma grande responsabilidade, que é viver em Cristo (cf. Fp 1.21). Paulo mostra que testemunhar é um modo de viver, sendo que nós passamos a ser embaixadores de Cristo. Nossa maneira de viver deve recomendar o Evangelho, nunca envergonhá-lo. Testemunhar é viver por modo digno do Evangelho de Cristo, em todo tempo, apontando sempre para o amor salvador e para o senhorio de Jesus sobre a nossa vida.

      (Embaixadores de Cristo: 2 Co 5.18-21)

2 - O que é o Discipulado - Visão do Colégio Episcopal.

Percebe-se, à primeira vista, que o Discipulado, antes de ser um método, é um estilo de vida, uma maneira de ser,* no expressar evangélico de nossa fé. Não visa, de início, ser um processo didático de aprendizagem. Nem mesmo uma forma pragmática de crescimento para a Igreja. É algo bem mais relacional, que busca, à luz do próprio Cristo, fundamentar a comunhão, a convivência, a comunicação e a formação do caráter das pessoas relacionadas com o Senhor e com Sua comunidade – a Igreja, corpo vivo de Cristo. Essa foi a maneira de ser do Senhor com a comunidade primitiva e da comunidade apostólica, bem como a convivência inspiradora, fraternal e comunitária do povo metodista, a partir de sua grande expressão – João Wesley.

* Modelo/exemplo – 1 Timóteo 4.12, Tito 2.7, 1 Ts 1.6 /Fp 2.15-16

3 - Estilo de Vida

O Discipulado é o modo de vida, o estilo que caracteriza a vida daqueles que estão comprometidos com o Reino de Deus, que fazem da Nova Justiça, ou seja, dos valores éticos e da justiça do Reino uma prioridade na sua vida e que se dedicam integralmente ao serviço cristão, ao evangelismo e ao testemunho, em cumprimento à vontade de Deus Pai. Esse modo de vida é descrito, principalmente, no Sermão da Montanha. (cf. Mt 5, 6 e 7). Discipulado busca algo mais do que um mero processo educativo. Ele é um estilo de vida, uma maneira de ser em que as pessoas se relacionam, entram em comunhão, acolhem umas às outras, compartilham o que são, sentem e carecem; oram umas pelas outras, louvam e adoram ao Senhor juntas, estudam a Palavra à luz da graça, da experiência e da razão da comunidade da fé. Nesse sentido, vivem e cumprem o que a Palavra nos diz:

- Levar os fardos uns dos outros – Gálatas 6.1-2;
- Acolher-se mutuamente conforme Cristo nos acolheu – Romanos 15.7;
- Apoiar, ser o suporte uns dos outros – Colossenses 3.13;
- Perdoar-se mutuamente – Efésios 4.32;
- Expressar o amor mutuamente – Efésios 5.1-2;
- O mais forte é convidado a suportar e ser o suporte mais frágil – Romanos 15.1


Rosiléia Dias Araujo
Escola Dominical/Julho 2019

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