sexta-feira, 23 de agosto de 2019

SALVAÇÃO, JUSTIFICAÇÃO e SANTIFICAÇÃO


DO PECADO ORIGINAL

O pecado original [...] é a corrupção da natureza de todo descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal, e isso continuamente.
Cremos, de acordo com as Escritura, que Deus manifestou a sua graça e seu amor, vindo ao encontro de homem, por meio de Jesus Cristo para sua salvação.
-Graça preveniente (Graça preventiva) -  (Preveniente = que chega antes, que precede)
= É a graça (favor de Deus) que atua no coração do ser humano, recuperando lhe a possibilidade de responder positiva ou negativamente aos apelos que o próprio Deus lhe faz. A graça de Deus dá ao ser humano a opção de aceitar essa mesma graça.(Rm 6.1-4) A decisão finalmente é da pessoa. A graça de Deus em Cristo nos predispõe para a sua aceitação e consequente condição de escolha do bem para nós e para os outros. Temos o livre arbítrio, isto é, a liberdade de escolher entre aceitar essa graça e vivermos novamente em comunhão com o Criador ou rejeita-la, e sermos separados dEle com todas as suas consequências.
(Manual do discipulado - Bispo Paulo Lockmann)

Romanos 5.12-19  = Por meio de um só, entrou o pecado no mundo e passou a toda a humanidade, e por meio de um só: Jesus, a graça alcançou a toda a humanidade, trazendo justificação para todo aquele que crer em Jesus.
1 Coríntios 15.21,22 = A morte veio por um homem: Adão, mas em Cristo, todos são vivificados.
Romanos 5.8-10 = Jesus morreu por nós, sendo nós ainda pecadores

Apocalipse 3.20
Eis que estou a porta e bato  (Graça Preveniente)
Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a sua porta, entrarei em sua casa (Graça Justificadora)
E cearei com e ele e ele comigo (Graça santificadora)
Outros textos: Rm 2.4; At 16.14; Jo 12.32; Lucas 15 (Parábola do filho pródigo)


DO LIVRE ARBÍTRIO 

A condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-se pelo seu próprio poder e obras para a fé e invocação de Deus, portanto, não temos forças para fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a Sua graça por meio de Cristo, predispondo-nos para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade.

Veja os seguintes textos bíblicos:
Romanos 3.23,24 = Todos pecaram e foram separados de Deus, mas por Sua graça, são justificados em Cristo Jesus.
Romanos 5.1,2 = Essa justificação acontece pela fé em Cristo Jesus, e apenas por meio dela temos acesso a essa graça.
João 3.16 = Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu filho, para que TODO AQUELE QUE NELE CRER, tenha a vida eterna e não morra.
Romanos 5.8,10 = Deus provou o seu amor, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Efésios 1.4-13 = Deus nos predestinou para sermos santos e irrepreensíveis, em amor, ou seja, antes de criar o mundo, Deus já tinha um propósito para a humanidade.
Efésios 2.8,9 = Somos salvos pela graça, isso não vem de nós, é dádiva de Deus.
Romanos 10.9 = Se crermos e confessarmos, seremos salvos.
João 3.18 = quem crer, não é julgado, quem não crer já está julgado
João 5.24 = quem crer, tem a vida eterna
João 1.12 = Todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem Filhos de Deus, aos que creem no seu nome.

Portanto,
Cremos na Salvação oferecida a TODA humanidade por meio do sacrifício de Cristo Jesus.
Cremos na Justificação de TODO aquele que crê em Jesus como seu único e suficiente Salvador.
Cremos na Regeneração de TODO aquele que arrependido de seus pecados se volta para Deus.
Cremos que, pela fé,  somos SALVOS, JUSTIFICADOS E REGENERADOS.

A obra de salvação é de Deus, nós não temos mérito, e nenhuma obra pode conquista-la.



DA JUSTIFICAÇÃO DO SER HUMANO

Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto.

Efésios 2.8-10 = Salvos pela graça de Deus e não por obras para que ninguém se glorie.
Romanos 5.1 = Justificados pela fé
Gálatas 2.16 = Justificados mediante a fé em Cristo Jesus
Romanos 3.24 = Justificados gratuitamente pela sua graça.

Justificação é o perdão de pecados. Cristo tomou sobre si as nossas culpas. Sofreu, imerecidamente, em nosso lugar. Assim, estamos reconciliados com Deus mediante o sangue de Cristo
Sob uma única condição o ser humano pecador é justificado: pela fé em Jesus Cristo. 
Para o Metodismo, no  mesmo momento em que uma pessoa é justificada (perdoada) de seus pecados por meio da fé em Cristo, sinal definitivo da graça de Deus, esta mesma graça opera em seu coração o novo nascimento, sendo a pessoa transformada em uma nova criatura. (2 Coríntios 5.17). 
Deus perdoa o pecado e ao mesmo tempo Ele purifica o pecador
A justificação e o novo nascimento ocorrem simultaneamente.  
(Manual do Discipulado - Bispo Paulo Lockmann)


O PECADO DEPOIS DA JUSTIFICAÇÃO

“Nem todo o pecado voluntariamente cometido depois da justificação é pecado contra o Espírito Santo; logo, não se deve negar a possibilidade de arrependimento aos que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos recebido o Espírito Santo, é possível apartar-nos da graça recebida e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de novo e emendar nossa vida.


1- É UM FATO: PECAMOS!

-Pecado é transgredir a lei de Deus (1 João  3.4) Transgredir é: anular, contrariar, se rebelar...
  e toda a lei se cumpre no amor ao próximo ( Gálatas 5.14)

-Se existe cobiça (desejo exagerado, desequilibrado) seremos atraídos para o pecado (Tiago 1.14-15)
-Se existir intenção (desejo) pecaminosa no coração, já pecamos. (Mateus 5.27,28)
 pois do coração procedem ações pecaminosas (Mateus 15.19), se estão em nosso coração, vão   aparecer!
 por isso devemos guardar o coração (Pv 4.23), pois dele procedem as nossas ações.

-Se dissermos que não temos pecado, mentimos.... (I João 1.8,10)


2-É UMA CERTEZA: SE NOS ARREPENDERMOS E CONFESSARMOS OS PECADOS, SOMOS PERDOADOS.

1 João 1.9; 2. ; 2.12 = Deus nos perdoa e nos purifica
Mateus 6.12,14,15 = Jesus nos ensinou a pedir perdão a Deus, como também perdoar para sermos perdoados


3- UMA AFIRMAÇÃO: QUEM É FILHO DE DEUS, NÃO VIVE NA PRÁTICA PECAMINOSA.

1 João 3.9; 5.18


4- UM CHAMADO: A SANTIFICAÇÃO

Santificação: Processo de aperfeiçoamento da vida cristã de todo aquele que justificado por meio de Cristo Jesus.
1 Ts 4.7 = Chamados por Deus para a Santificação
1 Pedro 1.13,16 = Sede Santos em todo o vosso procedimento
Efésios 4. 17-32 e Cl 3.1-17  = Viver cristão em santificação ( velha natureza X nova natureza )

John Wesley considerava a santificação como crescimento na graça de Deus, sendo Jesus nosso modelo, por isso enfatizava a necessidade de:
-Ter a mente de Cristo (Fp 2.5-11)
-Andar como Ele andou (Ef 5.1,2 – At 10.38)
-De viver em amor, pois para Wesley a santificação está atrelada ao amor. ( João 15.9-17; Mateus 5.43-38)  Amor que se traduz em ação - 1 João 3.11-23; 4.7-21

“AGORA, PORÉM, LIBERTOS DO PECADO, TRANSFORMADOS EM SERVOS DE DEUS, TENDES O VOSSO FRUTO PARA A SANTIFICAÇÃO, E POR FIM, A VIDA ETERNA.” Romanos 6.22



Rosiléia Dias Araujo
Escola Dominical 2019

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

JESUS, OS DISCÍPULOS E O DISCIPULADO (2)

 

A BÍBLIA E O DISCIPULADO


Antigo Testamento

Vejamos o que encontramos no livro de Êxodo 18.17-27:
Encontramos aqui alguns aspectos do discipulado. O texto não fala do desenvolvimento de um método de discipulado, mas apresenta alguns aspectos de relacionamento e vivência presentes no discipulado. Moisés escolhe líderes passa a conviver com eles, instruí-os, orienta-os, supervisiona-os, delega-lhes certas atribuições e dá poderes.

Em Salmo 78.1-8, temos a grande preocupação educativa em relação às gerações mais antigas para com as novas gerações. O texto reflete a mesma preocupação de Deuteronômio 6: a responsabilidade da família (pais) na passagem dos valores, dos atos históricos expressos por Deus junto da história à Comunidade da Fé, nas celebrações dos atos e momentos marcantes e significativos na história do povo de Israel.

No contexto do Antigo Testamento o discipulado é visto não apenas como transmissão de conhecimento, valores, aspectos culturais e religiosos, mas acima de tudo, como a transmissão da vivência.

(Cartilha do discipulado – Colégio Episcopal – Igreja Metodista)


2) Novo Testamento 

“Fazer discípulo” foi o princípio básico usado por Jesus em seu ministério. Após retirar-se e orar, chamou os discípulos para a obra. No decorrer do seu ministério conviveu com eles, educou-os, compartilhou, deu-lhes atribuições e responsabilidades, delegou-lhes atribuições, supervisionou-os e lhes deu autoridade de “fazerem discípulos”, continuando assim a sua obra.
Jesus escolheu homens comuns, imperfeitos, carentes, temperamentais,[...]

Eram homens e mulheres que reconheciam suas realidades e carências, mas que estavam prontos a confessá-las e a confiar na Graça de Deus para sustentá-los. Muitos foram seus discípulos, todavia 12 foram destacados para convivência e um trabalho especial. [...] foi “um pequeno grupo”, ... suficiente para permiti-lhe conviver o máximo possível com eles, instruí-los, acompanhá-los, ajudá-los, dar-lhes atribuições e supervisioná-los.

Em Mateus 28.18-20, texto citado também por Marcos e Lucas, Jesus enviou os discípulos para o cumprimento da Missão, diz-lhes: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os, em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.

Jesus é bem objetivo aqui. Ele comissionou os discípulos para a Missão. O princípio básico para o seu desenvolvimento é IR e FAZER DISCÍPULOS. O IR ou INDO, como alguns afirmam é um imperativo do Senhor. Isto significa testemunho, ação, serviço, envolvimento na obra do Senhor, vida cristã. Somos discípulos que temos o objetivo de fazer novos discípulos, despertando-os para Cristo, ensinando-os, educando-os, convivendo com eles, amando-os e suprindo suas necessidades, acompanhando-os, servindo, testemunhando e vivendo, capacitando-os para a obra, dando-lhes atribuições, delegando responsabilidade, envolvendo-os no ministério e supervisionando-os. O relacionamento entre Jesus e os seus discípulos é fundamentado na amizade. Uma relação entre amigos, vivendo a intimidade... (Jo 15.13-15)

Vemos biblicamente que o chamado ao discipulado é mais que um vínculo entre o mestre e o discípulo. Acima de tudo é um convite a uma relação que envolve entrega e renúncia, disposição e disciplina em aprender e compromisso em ensinar.

(Cartilha do discipulado – Colégio Episcopal – Igreja Metodista)

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Obs.:Discípulo 
(grego)mathētḗs (da matemática –o" esforço mental necessário para pensar alguma coisa através de") - propriamente, um aprendiz ; um discípulo , um seguidor de Cristo que aprende as doutrinas da Escritura e o estilo de vida de que necessitam; 

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 -DISCIPULADO EM PAULO

Lendo Atos dos Apóstolos e as cartas paulinas, vemos claramente a continuidade do princípio do discipulado. Paulo também foi discipulado. Após a sua conversão ele foi educado e preparado para a obra. Paulo aplicou o princípio do discipulado. Ele fez discípulos, conviveu com eles, instruiu-os, capacitou-os, deu-lhes responsabilidades, delegou-lhes atribuições, supervisionou lhes. Exemplos claros que temos no seu ministério: Timóteo, Tito, Onésimo e tantos outros.

TIMÓTEO – Atos 16.1 – um discípulo da cidade de Listra (Atos 14), filho de judia crente e de pai grego. Os irmãos davam bom testemunho dele.

Escreveu junto com Paulo as cartas:
2 Coríntios (2 Co 1.1); Filipenses (Fp 1.1); Colossenses (Co 1.1); Tessalonicenses (1 Ts 1.1; 2 Ts 1.1); Filemom (Fm 1.1)

Paulo enviava Timóteo as igrejas para fortalece-las na fé e para ter notícias
-para as igrejas da Macedônia (Atos 19.22) veja 1 Co 14.7/ 1 Co 16.10-11
-Queria envia-lo para a igreja de Filipos   Fp 2.19,
-Enviado a Tessalônica – 1 Ts 3
Hb 13.23 – Timóteo esteve preso.

Carta de Paulo a Timóteo
1 Tm 1.2 –  Paulo o considera filho na fé
1 Tm 1.18 – profecias acerca de Timóteo
Torna-te padrão – 1 Tm. 4.12  Timóteo é instruído a ser padrão/modelo a ser seguido


 TITO – grego, companheiro de Paulo desde o início.  Gl 2.1-3
-Enviado para a igreja de Corinto -  2 Co 8.16-24
Carta para Tito – Tt 1.4
Torna-te padrão – Tt 2.7


O OBJETIVO DO DISCIPULADO PARA PAULO

2 Timóteo 2.1-2: aqui temos bem claro o princípio do discipulado desenvolvido em Paulo. “O que de minha parte ouviste... transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. É um processo contínuo que não para: o discípulo faz discípulo. Paulo faz de Timóteo o seu discípulo e Timóteo por sua parte deverá desenvolver o discipulado junto a outras pessoas, que por sua vez desenvolverão o discipulado junto a outras pessoas e assim sucessivamente.

2 Tm 3.10,11,14 : o discípulo recebe ensino, convive com o mestre e outros discípulos, vive momentos comuns, permanecendo naquilo que  recebe.

1 Tes 1.6-9: recebe a Palavra, sendo imitador, tornando-se modelo, testemunhando por  toda a parte.

1 Tes 2.13-16: acolhe a Palavra que pelo poder de Deus opera eficazmente neles, levando-os a testemunharem e viverem a fé.



APERFEIÇOAMENTO – CRESCIMENTO – OBRA COMPLETADA

-Nascemos e somos como crianças.

2 Pedro 2.2 – desejar o leite espiritual, como recém-nascidos
Hebreus 5.11-14 – quem se alimenta de leite é inexperiente na palavra, os adultos são os que adquirem experiência por conta da prática, e necessitam de alimento sólido – ensinos mais profundos (mais difíceis de explicar)
1 Corintios 3.1-4 – crianças em Cristo (carnais) que ainda não podem receber alimento sólido
Ef 4.14 – meninos (crianças) são levadas por qualquer novidade
2 Pedro 3.18/ 1 Ts 3.12 - crescei

-Nascemos e somos como crianças. Mas temos que crescer. O que traz crescimento? Experiência. O que produz experiência? Rm 5.3-4  - tribulação (adversidade/ pressão/aflição)
Temos que ser pacientes na tribulação (Rm 12.12)




CARTA PASTORAL “TESTEMUNHAR A GRAÇA E FAZER DISCÍPULOS E DISCÍPULAS

Testemunhar a Graça. O que é Testemunhar?

1 - A importância do Testemunho. Nós precisamos testemunhar sempre que tivermos oportunidade, porque há muitas pessoas carentes de Jesus. Pessoas para quem a graça e o amor de Deus são desconhecidos. Em função disso, nosso testemunho é vital, pois é o meio que Deus usa para alcançar outras pessoas com o Evangelho. No testemunho, está incluído não apenas o que podemos dizer acerca de Jesus, mas também o nosso modo de viver e agir:quem se encontra com Jesus sente-se amado. Quem se encontra com Jesus passa a amar seu próximo e a ele dar seu testemunho da graça salvadora e justificadora. A partir do momento em que recebemos a Cristo como Salvador, está sobre nós uma grande responsabilidade, que é viver em Cristo (cf. Fp 1.21). Paulo mostra que testemunhar é um modo de viver, sendo que nós passamos a ser embaixadores de Cristo. Nossa maneira de viver deve recomendar o Evangelho, nunca envergonhá-lo. Testemunhar é viver por modo digno do Evangelho de Cristo, em todo tempo, apontando sempre para o amor salvador e para o senhorio de Jesus sobre a nossa vida.

      (Embaixadores de Cristo: 2 Co 5.18-21)

2 - O que é o Discipulado - Visão do Colégio Episcopal.

Percebe-se, à primeira vista, que o Discipulado, antes de ser um método, é um estilo de vida, uma maneira de ser,* no expressar evangélico de nossa fé. Não visa, de início, ser um processo didático de aprendizagem. Nem mesmo uma forma pragmática de crescimento para a Igreja. É algo bem mais relacional, que busca, à luz do próprio Cristo, fundamentar a comunhão, a convivência, a comunicação e a formação do caráter das pessoas relacionadas com o Senhor e com Sua comunidade – a Igreja, corpo vivo de Cristo. Essa foi a maneira de ser do Senhor com a comunidade primitiva e da comunidade apostólica, bem como a convivência inspiradora, fraternal e comunitária do povo metodista, a partir de sua grande expressão – João Wesley.

* Modelo/exemplo – 1 Timóteo 4.12, Tito 2.7, 1 Ts 1.6 /Fp 2.15-16

3 - Estilo de Vida

O Discipulado é o modo de vida, o estilo que caracteriza a vida daqueles que estão comprometidos com o Reino de Deus, que fazem da Nova Justiça, ou seja, dos valores éticos e da justiça do Reino uma prioridade na sua vida e que se dedicam integralmente ao serviço cristão, ao evangelismo e ao testemunho, em cumprimento à vontade de Deus Pai. Esse modo de vida é descrito, principalmente, no Sermão da Montanha. (cf. Mt 5, 6 e 7). Discipulado busca algo mais do que um mero processo educativo. Ele é um estilo de vida, uma maneira de ser em que as pessoas se relacionam, entram em comunhão, acolhem umas às outras, compartilham o que são, sentem e carecem; oram umas pelas outras, louvam e adoram ao Senhor juntas, estudam a Palavra à luz da graça, da experiência e da razão da comunidade da fé. Nesse sentido, vivem e cumprem o que a Palavra nos diz:

- Levar os fardos uns dos outros – Gálatas 6.1-2;
- Acolher-se mutuamente conforme Cristo nos acolheu – Romanos 15.7;
- Apoiar, ser o suporte uns dos outros – Colossenses 3.13;
- Perdoar-se mutuamente – Efésios 4.32;
- Expressar o amor mutuamente – Efésios 5.1-2;
- O mais forte é convidado a suportar e ser o suporte mais frágil – Romanos 15.1


Rosiléia Dias Araujo
Escola Dominical/Julho 2019

sábado, 2 de março de 2019

JESUS, OS DISCÍPULOS E O DISCIPULADO (1)



DISCÍPULOS = aqueles que estão sendo ensinados pelo mestre a quem seguem

ESTUDO 1 – CONFIANÇA QUE GERA OBEDIÊNCIA

Textos Bíblicos: Lucas 5.1-11 e João 21.1-14

Objetivo: Vamos observar a semelhança entre dois encontros que Jesus teve com alguns discípulos, um aconteceu no início do ministério de Jesus e o outro no final. Nas duas situações podemos observar que os discípulos foram desafiados a confiar e obedecer na Palavra do Senhor. É inevitável um crescimento espiritual quando confiamos e obedecemos, ainda que não faça sentido.


Lucas 5.1-11 (primeiro encontro)

Local: Lago de Genesaré também conhecido como Tiberíades ou mar da Galileia. Os discípulos estavam próximos a Cafarnaum, local onde estava a casa de Jesus (Mt 4.13)

O que acontece? - Jesus está com a multidão que o aperta para ouvir a Palavra de Deus. Ele vê dois barcos junto a praia e decide entrar no barco de Pedro, um dos pescadores. Jesus pede que ele se afaste um pouco da praia. Então se assenta e começa a ensinar a multidão de dentro do barco. Quando terminou, Jesus diz a Pedro para lançar as redes. Pedro explica que já havia tentado a noite toda sem nada conseguir, no entanto, lançaria novamente conforme a Palavra do Senhor. A rede ficou cheia de peixes e Pedro fez sinal para que os companheiros fossem ajuda-lo. Diante disto, Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, reconhecendo-se pecador. Todos ficaram admirados. Jesus os chama para serem pescadores de homens, e eles deixando as redes, seguem a Jesus.

O que podemos observar?

-A multidão estava aflita e ansiosa para ouvir a Palavra de Deus, Jesus ensinava de forma diferente do que estavam acostumados, Jesus os ensinava com autoridade e todos ficavam maravilhados (Mateus 7.28-29).

-Jesus viu os pescadores com seus barcos. Jesus sempre via as pessoas e as oportunidades. Naquele momento, Jesus  uma multidão com “fome” e trabalhadores “cansados e desanimados”. Sua compaixão não o deixaria seguir sem fazer algo.

-Jesus e os pescadores já se conheciam, porém eles ainda não seguiam Jesus como discípulos. Pedro, mesmo cansado, atendeu o pedido de Jesus para que lhe permitisse falar com a multidão. Jesus não iria falar apenas com a multidão, mas Pedro, por estar no barco, também ouviria a Palavra de Deus, e isso iria fazer toda a diferença.

-Talvez, se Pedro fosse desafiado a jogar as redes antes de ouvir os ensinos de Jesus, não teria tido fé para tal, mas depois de ter ouvido o ensino de Jesus pôde ter fé para obedecer.  

-Ao ver o grande milagre, Pedro temeu em seu coração por estar diante do Senhor, e se vê como um grande pecador, ao ponto de dizer para Jesus se afastar dele. Pedro não se sentia digno de estar na presença de Jesus.

-Os demais pescadores também ficaram admirados (assombrados).
Mas Jesus não se afastou deles e nem os repreendeu. Jesus os chamou para serem seus seguidores, como pescadores de homens. Jesus usa a linguagem que eles entendiam (pescar) para ajuda-los a compreender essa missão.


-Os pescadores, deixaram tudo, e seguiram a Jesus. (ali estavam: Pedro, André,Tiago e João – Mc 1.16-20)


O que podemos aprender?

= Precisamos refletir sobre nossa “fome” de ouvir a Palavra de Deus. Como temos nos comportado diante dos ensinamentos da Palavra de Deus?

= Antes de obedecer é preciso aprender, para aprender é preciso ouvir, ser ensinado (discipulado).   (veja: Romanos 10.13-17)

 A revelação de quem é Jesus tem que nos levar ao entendimento da nossa condição de pecadores. Mas também ao fato de que Ele (Jesus) não se afasta de nós por sermos pescadores, pelo contrário, Jesus nos chama para caminharmos com Ele e aprendermos com Ele (Vinde a mim... e aprendei de mim... – Mateus 11.28-30)



João 21.1-14 (segundo encontro – Depois da ressurreição de Jesus)


Local: Os discípulos (Pedro, Tomé, Natanael, João, Tiago e mais dois) estão na praia do mar da Galileia (Tiberíades - mesmo local do primeiro encontro).

O que acontece?  - Pedro decide ir pescar e os demais decidem acompanha-lo. Trabalham a noite inteira, mas nada conseguem pescar. Ao clarear o dia, Jesus aparece na praia. Os discípulos não o reconhecem. 
Jesus pergunta de longe, se eles tinham algo para comer. Eles respondem dizendo que não. Então Jesus dá a ordem para que joguem a rede do lado direito do barco afirmando que iriam encontrar peixes. Eles obedecem e conseguem pescar muitos peixes. Nesse momento João diz a Pedro, que era Jesus quem estava na praia. Pedro se veste e pula no mar, nadando em direção a Jesus. Os demais levam os peixes para a praia.
Jesus os esperava com pão e peixes sendo assados. Jesus também pede que tragam mais peixes dentre os que haviam pescado.
Pedro arrastou a rede e contou 153 grandes peixes. Jesus os convida para comer e Ele mesmo lhes serve, pão e peixe assado. Os discípulos sabiam que era o Senhor ressuscitado que estava com eles.


O que podemos observar?

-Jesus já havia ressuscitado, e já havia aparecido aos discípulos por duas
vezes. Eles haviam partido de Jerusalém (onde Jesus fora morto) e estavam 
agora na Galileia (onde Jesus os mandou ir – Mateus 28.10,16)

-Os discípulos estavam num momento de desanimo, sem saber o que fariam
de agora em diante, e sem perspectiva decidem retornar as suas vidas antes
de conhecer a Jesus: Pescar!

-Jesus os chama de “Filhos” (paidia (criança/bebê/cristão imaturo)

-Os discípulos já tinham trabalhado a noite toda, mas disseram sim a ordem 
de jogar a rede como Jesus ordenara.

-João reconhece ser Jesus e avisa Pedro, que desta vez, não temeu, mas 
correu ao encontro do Senhor. Pedro pulou ao mar, impetuoso como era,
queria chegar logo a presença do Senhor, reação muito diferente do primeiro 
encontro. Agora Pedro sabia que podia se aproximar e buscar a presença do 
Senhor ainda que não fosse digno, ele não precisava mais fugir temendo 
seus próprios pecados.

-João foi o primeiro a crer na mensagem da ressurreição (João 20.8 = João e
Pedro, tiveram comportamentos diferentes)

-A grande quantidade de peixes serviria para o sustento dos discípulos 
naquele momento, mas também os fez relembrar aquele primeiro encontro, 
quando aceitaram o chamado de serem seguidores de Cristo e pescadores 
de homens.

-Jesus tem um momento de comunhão com eles, ao servir-lhes pão e peixe,
os sacia da fome, renova-lhes as forças, mas também os ajuda a 
relembrarem tantos outros momentos em que, partindo o pão, lhes ensinou e
lhes enviou a missão.


O que podemos aprender?

 Quando não compreendemos bem a situação, ou nossa missão, podemos ficar um pouco perdidos, sem ação e sem perspectiva. As vezes até já ouvimos, mas as circunstâncias parecem “cegar” nossa visão. É quando Jesus precisa nos fazer voltar, relembrar aquilo que já vivemos, a missão que já abraçamos, o caminho que já percorremos, as experiências que já tivemos.

= Jesus os chama de filhos, uma palavra que traz a dimensão do relacionamento pai/filho. Jesus sabe que eles ainda precisam crescer! Como é nosso relacionamento com aqueles que chegam? Exigimos que ajam como adultos na fé?  E nós, temos crescido?

= O que temos pra comer? O que temos como alimento para nós e para outros?  Jesus não perguntou se tinham algo para “Ele” comer, mas para os próprios discípulos. Nós temos alimento? Temos alimento para partilhar?

= Os discípulos obedecem, ainda que não pareça ter sentido. Não somos chamados a uma obediência cega, mas a uma obediência que sabe e confia que Aquele que ordena, sabe o que faz e porque faz. É uma obediência com entendimento!

 Quanto mais conhecemos e convivemos com Jesus, mais compreendemos que podemos confiar nEle, e que o pecado não deve nos levar a fugir de Jesus, pelo contrário, precisamos correr para Ele, afim de termos socorro, perdão e restauração. (Hebreus 4.14-16)

= Jesus sabe quando precisamos de alimento e precisamos ser saciados, mas também nos desafia a termos alimento para partilhar. O que temos para comer? O que temos para dar de comer?


OBERVAÇÃO APENAS PARA COMPLEMENTAR

São muitos os textos bíblicos que relacionam o ato de comer a um momento significativo para a vida espiritual.

-O primeiro pecado está relacionado ao ato de comer (Adão e Eva “comeram” errado – Gênesis 3.6)

-Na instituição da Páscoa, a festa da libertação do povo hebreu do Egito, o povo precisou comer o cordeiro (Êxodo 12).  Cordeiro que apontava para Jesus – o Cordeiro pascal (1 Co 5.7)

-Quando o povo desanimou no deserto, rumo a Canaã, sentiram saudades do Egito, e expressaram essa saudade dizendo que sentiam falta da “comida” que tinham no Egito.  (Êxodo 16.3)

-Deus enviou o maná (pão do céu) para ensinar o povo de Israel a depender dEle.  (Êxodo 16 - Dt 8)

-Quando Jesus falou/desafiou seus ouvintes/seguidores/discípulos a um compromisso real com Ele, falou sobre “comer” a Sua carne.  (João 6)

-Na última celebração de Páscoa com seus discípulos, Jesus instituiu a Ceia, sinal da nova aliança, e como sinal deste compromisso, lhes deu a “comer” do pão, e ainda ordenou que assim o fizessem continuamente até a Sua volta.  (Marcos 14.22-24/ 1 Co 11.23-26)

-Após a sua ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e “comeu” com eles afim de que se lembrassem do que já havia ensinado. ( Lucas 24.30,35; 41-43; João 21.12,13; em Mc 16.14, Jesus aparece enquanto estão a mesa.)


COMER (é literalmente colocar algo para dentro)

COMER, vem do termo COMEDERE (COM – agregado pelos romanos, - com (juntos), pois entendiam que comer é uma ação feita em conjunto + EDERE (comer)

Comer, é o ato de fazer com que um alimento se torne parte de nós. Jesus disse que Ele é o Pão da Vida (João 6.33-35; 48;50-57)

Este foi um discurso difícil de se ouvir, tanto que muitos abandonaram Jesus. Porque viver espiritualmente, requer alimentar-se espiritualmente, porém se alimentar corretamente, de Jesus, de suas palavras. São elas que nos garantem vida. Do contrário, adoecemos, enfraquecemos e podemos morrer.

Se alimentar de Jesus não é comer algo material (carne) Jesus afirmou que suas palavras são espirituais (João 6.63).

A palavra de Deus é viva e poderosa:

Mt 4.4 = vivemos espiritualmente pela palavra que procede de Deus
Mt 13 = a palavra do reino, precisa ser compreendida, para que gere frutos
Ef 6.17 = a palavra de Deus é espada do Espírito. E com a palavra de Deus que o Espírito Santo guerreia
1 Tm 4.6 = alimentam a fé
Hb 4.12 = traz discernimento

Jesus é o Pão, Jesus é a Palavra (João 1.1 – verbo)